Nunca se falou tanto em convivência com a natureza, especialmente entre plantas. Uma das soluções para as grandes cidades, apartamentos e espaços pequenos, que precisam ser otimizados, são os Jardins Verticais. Para entendermos melhor esse sistema de plantio é preciso saber como ele surgiu e porque hoje são escolhidas espécies de plantas epífitas para sua implantação.
Os Jardins Verticais têm origem histórico-cultural nos Jardins Suspensos da Babilônia e da Roma Antiga. Eram espaços enormes, com profundidade em seus terraços, com solo suficiente capaz de permitir o cultivo de árvores. No século XX na Europa, mais precisamente na Áustria, Adolf Loos, um grande arquiteto revolucionário da época, reveste a fachada de sua residência com um jardim suspenso composto por trepadeiras, hoje conhecida como a Casa Scheu. Atualmente, no Brasil, é possível verificar a mesma técnica de plantio no edifício São Carlos, na Avenida República do Líbano, em São Paulo, onde a fachada é recoberta por trepadeira falsa vinha.

Os jardins com plantas trepadeiras eram as composições mais usadas nos últimos anos para Jardins Verticais. Porém, sabe-se hoje que, as trepadeiras precisam de constante manutenção e podas, e que também sua forma de crescimento e desenvolvimento causam danos à alvenaria das edificações devido ao enraizamento entre frestas e brechas no concreto. Essas plantas retêm umidade pelas raízes e causam infiltrações, por isso é uma forma de plantio evitada por engenheiros e arquitetos.


Patrick Blanc, botânico francês, considerado o “pai” do JARDIM VERTICAL contemporâneo, há aproximadamente 30 anos, começou seus estudos em uma expedição mundial aos lugares mais inóspitos, atrás de vegetações rupestres, epífitas e de beira de cachoeira. Ao analisar o desenvolvimento vertical dessas plantas, concluiu que uma das formas mais indicadas de crescimento, para jardins verticais, seriam as espécies epífitas.
As epífitas são plantas que vivem sobre outras plantas na Natureza, tais como árvores, ou outros suportes físicos artificialmente. Elas não obtêm o fornecimento de nutrientes ou água diretamente deste hospedeiro conforme cita Kress (1986). Essa classe ecológica de plantas, é dependente da precipitação para o seu abastecimento de água, e seu suprimento de nutrientes, que é derivado em parte de águas pluviais, que sempre contêm algumas substâncias dissolvidas, em parte, levadas pelo vento e partículas acumuladas, em parte a partir da superfície da casca em decomposição de plantas suporte.
Como as plantas epífitas são na maioria das vezes providas por um denso sistema radicular, capacitado a absorver a umidade da superfície, bem como da umidade concentrada no ar atmosférico circundante, fato claramente observável nas Orquídeas, tornam essas plantas mais resistentes e aptas ao cultivo vegetal. Também algumas epífitas reduzem a perda de água da planta diminuindo sua transpiração, e armazenando grande quantidade de água em suas células como as suculentas comuns em Orquídeas, Begônias, Cactos, Gesneriaceae e Liliaceae. Assim, ambientalização e adaptação desse tipo de plantas em Jardins Verticais tornam-se mais favoráveis, e é possível levá-los a locais internos suprindo suas necessidades de água e nutrientes através da fertirrigação.






Umidade e luz são os dois fatores decisivos que determinam a localização das epífitas, conforme Benzing (1990). É imprescindível disponibilizar um local com acesso a pelo menos 4 horas de luz indireta por dia. Caso isso não seja possível, pode-se utilizar lâmpadas fotossintéticas para substituir a luz solar e promover seu crescimento e desenvolvimento.
São diversos sistemas de execução e plantio para Jardins Verticais atualmente. A ARQUITETURA DA MATA Paisagismo está capacitada a trabalhar com todos, porém, indica o cultivo diretamente em placas com aplicação de bolsões em manta geotêxtil. O cultivo em mantas geotêxtil possibilita o Jardim Vertical se tornar autossustentável, através da formação de um ecossistema pela expansão e conexão de suas raízes, permitindo que as mesmas troquem nutrientes e se regenerem. A manutenção quase sempre limita-se a podas, com um mínimo de reposição de plantas e isso ocorre mais no início da ambientalização das plantas.
O plantio em jardineiras também é eficiente, porém exige constante manutenção e troca de plantas a cada dois anos. Suas raízes se expandem e não têm para onde crescer, ocupando todo espaço do substrato do vaso, exaurindo os nutrientes e causando a morte da planta. Também é possível construir hortas verticais, promovendo o cultivo orgânico e uma alimentação saudável

Autora: Raquel Kremer Cury
Botânica paisagista
Sócia e uma das idealizadoras da empresa,
ARQUITETURA DA MATA Paisagismo.